domingo, 10 de setembro de 2017

Ângelus

Por Oswaldo Antônio Begiato




Quando, pela vez primeira,
extasiado, te vi
entregue ao palmilhar
de um caminho torto
inventado pra ti,
de mãos dadas
contigo mesma,
sorriso casto
à procura de desvios,
tive a impressão que tua alma,
fugitiva de sua profissão,
brincava de profanidades
à tua volta enluarada,
feito uma filha obediente.


Não saía de perto de ti
por nada
e por nada não se recolhia
nem mesmo na hora
em que os sinos se dobravam
para anunciar o ângelus.


Quando te vi novamente,
obsequiosamente chegadora
com o diadema já delineado
e espargido,
o sorriso voluptuoso
e úmido;
e caído a teus pés
o pôr-do-sol,
apaixonado,
tive certeza absoluta:
 Tua alma te era a mais devota e obediente filha!

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