Por Meriam Lazaro
Ano XVI da era espacial
milênio. Num meteoro qualquer, de uma galáxia percebida como ponto cego (que
era uma forma de dizer “não vi, logo, não existe”), dois garotos descobriram
uma praia. Nessa praia não havia água mas, ainda assim, era um local bonito – pela
memória de que, em algum momento, havia sido banhada pelas ondas, sacudida pelos ventos, e marcada por patas de animais.
Barba Negra e Peter Pan (eles recebiam nomes diferentes a cada dia, conforme a brincadeira) lutavam com espadas
de raio. Barba Negra usava um tapa-olho roxo, para combinar com a luz que vinha
de sua arma. Já Peter Pan tinha um óculos de sol espelhado; que o protegia do
brilho branco de sua espada.
Foi ali, entre os seixos,
que avistaram um objeto desconhecido para eles. Estava escrito no lado externo:
ABRA SEM VER. É como eu havia explicado: naquele meteoro, o que não era visto
não existia. Isso os levou ao impasse: como abrir sem ver? Como ver sem abrir?
Não era para ver no momento de abrir? Ou não era para ver o que havia dentro?
Eles descendiam dos
antigos "Minions" de um só olho. Com a evolução, o olho daquela
espécie não fechava nem piscava, pois não necessitava disso para dormir; e nem existia
vento que o ressecasse. Como eram bons garotos, levaram a garrafa (só nós
sabemos que era uma garrafa) para ser analisada pelos demais habitantes.
Encurtando a prosa, eu informo:
por conta da especulação do que as três palavras significavam – e sem desrespeitar
a norma do “não vi, logo, não existe” – , esse povo foi encontrado no ano MMM
ainda tentando compreender (sem ver) o que havia dentro da garrafa.
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