sábado, 23 de abril de 2016

Precisamos falar sobre Dodô

Por Meriam Lazaro




O título é uma “roubadinha” de “Precisamos falar sobre Kevin” – filme (já assistido) baseado no livro (ainda não lido) de Lionel Shiver. Narra a história de um adolescente, assassino em série, sob o ponto de vista de sua mãe. Embora estranhasse o comportamento da criança, desde pequena, ela não conseguia falar a respeito com o pai, e nem fazer nada para mudar o rumo sinistro da história do filho.


Disse “roubadinha” porque assisti à panaceia no domingo passado. Pareceu-me que o furto, quando “institucionalizado”, não é crime grave (e nem pecado, pois Deus foi citado pelos meliantes). Quem não estiver lembrado, veja o discurso do autor do Processo de Impedimento para constatar que “por dinheiro no bolso, furtar um pedaço de dinheiro” não é nada, se comparado a surrupiar a esperança e expectativa de futuro.


O furto institucionalizado é também conhecido como corrupção, mas se isso não é tão grave, nas palavras do Dr. Miguel Reale Júnior, deduzo que o Malvado Favorito de muitos não sofrerá qualquer sanção por ter contas na Suíça. Na verdade, esse senhor – que nem merece ser citado aqui – foi processado por ocultar a posse de dinheiro na Suíça; mentira facilmente perdoável porque ninguém é obrigado a criar prova contra si. Além disso, para inúmeras colunas vertebrais marchando por aí, ele devolveu a esperança verde e amarela.


Mas quem será Dodô? Dodô era uma ave, hoje extinta, que aparece nas aventuras de “Alice no País das Maravilhas”, de Lewis Carroll. O título deste texto poderia ser “Precisamos falar sobre voto vencido”.


Já que estamos tão internacionais, eu proponho (num arroubo de desesperança) que o voto passe a ser facultativo para toda a população; e não apenas para idosos, analfabetos e jovens entre 16 e 18 anos. Se a representação política é uma falácia, nem precisaríamos ir às urnas para votar em branco e/ou anular o voto. E que ninguém me venha falar que, com isso, estaríamos abrindo mão da democracia sem explicar, muito bem, o que está dizendo! Que Democracia? Aquela que está indo para o ralo para metade da nação de voto vencido? Ou aquela que ressurge, clandestinamente, naquele país que passou a ser chamado, lá fora, de Republiqueta das Bananas?

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