sábado, 30 de janeiro de 2016

Começos inesquecíveis

Por Meriam Lazaro




Resoluções de ano bom são tomadas na virada do ano em todo o planeta. Perecem, algumas, já ao estourar das borbulhas do espumante; outras têm o começo das grandes esperanças. São os janeiros, a propósito, os precursores de bons presságios.


No mundo dos livros, leitores podem ser conquistados desde as primeiras linhas, mas nem sempre isso ocorre e o autor não consegue despertar interesse durante as 40 páginas de amostra disponíveis nas livrarias virtuais. Há começos inesquecíveis que despertam curiosidade, fazendo o leitor vivenciar diversos papeis na versátil tela da imaginação.


No leitor comum, não especialista em literatura, dizem que a ponte é percorrida pela empatia. Sentimentalidades em comum, um texto pode prender a atenção por despertar riso ou nostalgia, ter diálogo farto ou escasso. Enfim, pela narrativa o livro cai nas graças ou desgraças de quem o lê naquele momento.


De minha parte, poderia citar – fácil – dez começos inesquecíveis. Folheei apenas para saber do que tratava o livro “Mudança”, do escritor chinês Mo Yan, e quando vi estava na metade da leitura. Começa assim: “O que quero narrar deve ter acontecido depois de 1979, mas o fio do meu pensamento teima em ignorar esse limite e volta àquele outono de 1969, com o sol radiante, seus crisântemos dourados e seus gansos migrando para o sul. Nesse ponto, já não me distingo de minha lembrança”.


Manhãzinha, com gratidão meus olhos se dirigem para um retalho de rio, a xícara de café fumegante na mesinha, um livro no colo. O dia começa no espaço entre as palavras.

Nenhum comentário :

Postar um comentário