Por Meriam Lazaro
Resoluções de ano bom são tomadas na virada do ano em
todo o planeta. Perecem, algumas, já ao estourar das borbulhas do espumante;
outras têm o começo das grandes esperanças. São os janeiros, a propósito, os
precursores de bons presságios.
No mundo dos livros, leitores podem ser conquistados
desde as primeiras linhas, mas nem sempre isso ocorre e o autor não consegue
despertar interesse durante as 40 páginas de amostra disponíveis nas livrarias
virtuais. Há começos inesquecíveis que despertam curiosidade, fazendo o leitor
vivenciar diversos papeis na versátil tela da imaginação.
No leitor comum, não especialista em literatura, dizem
que a ponte é percorrida pela empatia. Sentimentalidades em comum, um texto
pode prender a atenção por despertar riso ou nostalgia, ter diálogo farto ou
escasso. Enfim, pela narrativa o livro cai nas graças ou desgraças de quem o lê
naquele momento.
De minha parte, poderia citar – fácil – dez começos
inesquecíveis. Folheei apenas para saber do que tratava o livro “Mudança”, do
escritor chinês Mo Yan, e quando vi estava na metade da leitura. Começa assim:
“O que quero narrar deve ter acontecido depois de 1979, mas o fio do meu
pensamento teima em ignorar esse limite e volta àquele outono de 1969, com o sol
radiante, seus crisântemos dourados e seus gansos migrando para o sul. Nesse
ponto, já não me distingo de minha lembrança”.
Manhãzinha, com gratidão meus olhos se dirigem para um
retalho de rio, a xícara de café fumegante na mesinha, um livro no colo. O dia
começa no espaço entre as palavras.
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