Por Meriam Lazaro
Imagem: Meriam Lazaro |
Tema é expressão de vários usos. Há o
tema para casa, que o aluno deverá desenvolver em casa para apresentar
na escola; o mesmo que dever de casa. O tema musical do par romântico da
novela ou filme. Neste caso, o mais famoso talvez seja o tema de Lara
do filme Doutor Jivago, a julgar pelo número de repetições que aparece
no sistema de busca da internet. Há ainda a utilização como verbo, como
na expressão: não tema o mal! Por fim, significando o assunto do que
existe ou se deve desenvolver como filme, exposição de arte, livro,
redação.
Por falar em redação, grande parte da dor de cabeça dos vestibulandos é
justamente o tema que será exigido na prova de redação, que lhes dará
acesso para o mundo universitário. É certo que escrever é ato derivado
da leitura e do conhecimento geral, mas não basta juntar palavras,
formar ideias e emaranhá-las para atender o número mínimo de linhas.
Fora dos concursos, onde somos surpreendidos com o assunto, normalmente
se sabe com antecedência qual o tema a ser desenvolvido. Ainda que
desconhecido, teremos algum tempo para pesquisar.
Quando conhecido, ainda que não seja de nosso domínio, algumas ideias
vão surgindo a respeito do tema proposto. Para escrever poemas, uma vez
me foi sugerido que anotasse cinquenta palavras relacionadas à infância e
adolescência e que eu coletasse aquelas mais repetidas durante a fala
cotidiana. Não me lembro de ter feito isto, mas vim a observar na
própria escrita a maior repetição de algumas palavras. Nos exercícios
com tema prévio, algumas ideias podem surgir quase completas como uma
fotografia, outras vêm como um negativo onde tentamos advinhar de quem é
o vulto. Pode ocorrer também que a falta de ideia reine e se mantenha
branca como uma rainha no deserto nevado.
Congelados diante da tela com prazo prestes a se esgotar apelamos, normalmente, por uma das seguintes alternativas:
a) ver como nos arranjamos com a pesquisa na internet;
b) baixar a cabeça com a mão apoiando a testa a espera de um milagre;
c) sair escrevendo tudo que vier à mente para depois cortar uma coisa daqui, outra dali e ao final ficar com um punhado de palavras;
d) fazer de conta que não é conosco e ficar de fora do tema chato;
e) misturar todas as alternativas em um liquidificador, atirar para cima. Aquela que primeiro cair será a escolhida.
a) ver como nos arranjamos com a pesquisa na internet;
b) baixar a cabeça com a mão apoiando a testa a espera de um milagre;
c) sair escrevendo tudo que vier à mente para depois cortar uma coisa daqui, outra dali e ao final ficar com um punhado de palavras;
d) fazer de conta que não é conosco e ficar de fora do tema chato;
e) misturar todas as alternativas em um liquidificador, atirar para cima. Aquela que primeiro cair será a escolhida.
Neste momento não estamos mais nas mãos do tema, mas nas asas da musa, a
tal inspiração! Então o que falar quando o assunto para a escrita é o
próprio tema? Recorrendo ao Dr. Google se encontra definição de "mano"
até tese universitária a respeito, que não vem ao caso aqui reproduzir.
Lembro-me de que, em entrevista, Walter Salles chamou atenção para o
tema do filme Central do Brasil. Todo filme, livro, história tem um
tema, que no caso do filme do diretor brasileiro era a amizade. De minha
parte, quanto mais simples a história, mais tocante. Reconheço que há
recursos visuais ou estilísticos que muito enriquecem a obra, mas invejo
quem consegue se expressar com a requintada arte da simplicidade.
Afinal o que seria a inspiração da escritura? Desprezando as lições do
Dr. Google, fico com o significado fisiológico da palavra. Inspirar:
captar pelo sistema respiratório o ar do exterior para dentro dos pulmões da gente, daí espalhando por
todo o corpo até devolver novamente ao exterior pela expiração. Assim
relacionados o Tema e a Inspiração, esta nada mais seria que o objeto da
vida do qual extraímos uma direção. Afinal, sendo nós por excelência
frutos do meio buscamos sempre inspiração na vida, mesmo quando se fala
de morte, que aqui representa o ponto final.
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