terça-feira, 26 de novembro de 2019

Morangos

Por Denise Fernandes




Plantar morangos foi um dos maiores lazeres dos últimos dez anos. Tudo começou com um pequeno vaso, um morango sorridente, que dei para mim mesma no Dia das Crianças. Comprei-o na feira, em 12 de outubro.

O pequeno vaso continuou a florir e frutificar. Depois, deu mudas. Meu pai, devoto da jardinagem, disse que o pé de morangos "gostou do lugar". Ensinou-me a fazer o plantio das mudas  arte que ainda preciso aprimorar.

Cheguei a ter oito pés de morango, delicados, sempre florindo e frutificando. Virou um imenso prazer acompanhar o ciclo, a flor, o pequeno fruto verde. Seu desenvolvimento, seu amadurecimento. E o morango prazeroso na boca de alguém. A delícia que eu experimentava, junto às plantas, era uma sensação de pertencimento: sou delas e elas são minhas. Entre nós, a simbiose da água e do sonho, da vida e da poesia.

Tive que ausentar-me de casa por um mês, e eles morreram. Agora, comprei um vaso novo de morangos. Não é uma espécie de esperança renovada, mas o mergulho na magia da natureza. Ele vai florir novamente? Dará frutos? Produzirá mudas?

O futuro incerto de todos nós é o alvo. A semente, dentro de mim, me faz agarrar cada oportunidade de frutificação. Talvez seja um simples (e bobo) desejo de ser feliz; em meio a tanta confusão (e angústia). Talvez seja a sorte de ter encontrado a planta naquele exato momento. Talvez seja o exemplo do meu pai, que fez uma estrada: seguir os passos dele, com alguma alegria, traz segurança.

Parece que sei mais de mim diante do morango, que frutificou na minha frente. E esse saber me conforta.

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