sexta-feira, 1 de dezembro de 2017

Corda bamba

Por Mayanna Velame




Estamos equilibrados na corda bamba da vida. Todos os dias. Quando desviamos o olhar para baixo, a brevidade nos atemoriza. Somos entregues ao matadouro constantemente. Viver é uma dádiva  mas somente para aqueles que, de fato, entendem o significado de existir.


Sendo assim, indagamo-nos: existimos por quê? Viver nos sobrecarrega. Partindo de análises filosóficas, compreendemos que opiniões convergem e divergem. Porém, compactuamos em alguns pontos... Viver é uma passagem e a morte é destino.


Entre falecer e viver, aqui nos encontramos. Com a passagem ladeada de glórias e medos. Apenas respirar não basta para sentirmo-nos vivos. A corda bamba da vida exige medida, malabarismos e saltos. Caso contrário, sucumbiremos pela angústia de jamais encararmos o desconhecido.


Podemos morrer por falta de amor. Podemos morrer porque negamos momentos que, talvez, não serão mais revividos. Vida e tempo são cúmplices. A vida e a morte se alternam. E uma respeita o espaço da outra.


Entre o perene e a fugacidade das horas, sobrevivemos. A corda trêmula nos sustenta. Tentamos, de alguma forma, nos manter serenos e eretos. O mundo segue lá fora, rodopia sem cessar. No entanto é válido dizer que há, dentro de nós, um coração ardente; ansioso por mostrar-se a todos.


Não estamos enlaçados em baluartes. A vulnerabilidade nos consola. Somos seres oscilantes, como as ondas do oceano. Caminhamos sem imunidade, o risco de esmorecer é real. Tropeços nem sempre são calculáveis.


Como equilibristas, somos orientados a nos entregarmos à força da gravidade. Engolimos seco. Sentimos o suor frio deslizando em nossas têmporas. Longas caminhadas são feitas com passos milimétricos (conforme a superfície que nos sustenta). Afinal, o problema não é a queda, mas sim levantar e continuar.

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