quinta-feira, 2 de fevereiro de 2017

Desnecessidades

Por Daniella Caruso Gandra




Não creio que viemos preparados para viver, fato. E ninguém, por melhor intenção que tenha, ensina-nos tal propósito, muito menos, pai, mãe, amigos, amantes, cônjuges, ou religiosos, embora eles se ocupem em apontar o certo e errado na vida alheia, ao invés de focar na própria e não descarrilhar os trilhos. 


Essa incapacidade deles decorre pela nossa própria natureza, que impede. Mas isso não é algo ruim, quando não reprimimos essa natureza. 


Podemos notar que, durante todo o tempo, tentam nos adestrar a um tipo de comportamento aceitável, aparentemente bonito, até a forma como pensamos é reprimida! E se concordarmos, afirmam que estamos no caminho certo, rumo à satisfação de nossas necessidades. O pior é que quase todo mundo assimila e aprende a lidar com todo esse equívoco. Mas será que temos as mesmas necessidades? 


Frequentemente, agimos para manter o nosso corpo vivo e sadio (e bem visto); para receber a aprovação dos outros; para planejar o futuro  que muitos nem o vivem ; para termos companhia; para nos sentir queridos e supostamente amados; para pertencer a um grupo; enfim, estamos sempre preocupados com o que existe fora de nós. 


Entretanto, a questão inquietante concentra-se em: tudo isso é necessário? Será que existe um cidadão-modelo por aí, com todas as necessidades satisfeitas? 


Hoje, por estarmos cada vez mais carentes de atenção, principalmente, pela tensão que nos provoca a tal busca de realização dessas necessidades, acabamos vulneráveis e suscetíveis às exigências do mundo, que continua idêntico ao batermos às botas. 


E o resultado é que nos tornamos fracos, estúpidos, teimosos e infelizes. 


E os “sabichões” lucram com isso, tanto emocional, quanto financeiramente, enriquecendo os cofres das marcas; atendendo em consultórios; mantendo as aparências para não desinflar o próprio ego; rodeando-se de bajuladores e sanguessugas... 


O que fica é a sensação de que não vivemos para ser quem somos, mas para sermos parecidos uns com os outros, levarmos praticamente a mesma vida. E assim, findaremos (uns mais morosos) no mesmo caminho...

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