Por Daniella
Caruso Gandra
Não creio que
viemos preparados para viver, fato. E ninguém, por melhor intenção que tenha,
ensina-nos tal propósito, muito menos, pai, mãe, amigos, amantes, cônjuges, ou
religiosos, embora eles se ocupem em apontar o certo e errado na vida alheia,
ao invés de focar na própria e não descarrilhar os trilhos.
Essa
incapacidade deles decorre pela nossa própria natureza, que impede. Mas isso não é algo ruim, quando não reprimimos essa natureza.
Podemos notar
que, durante todo o tempo, tentam nos adestrar a um tipo de comportamento
aceitável, aparentemente bonito, até a forma como pensamos é reprimida! E se
concordarmos, afirmam que estamos no caminho certo, rumo à satisfação de nossas
necessidades. O pior é que quase todo mundo assimila e aprende a lidar com todo
esse equívoco. Mas será que temos as mesmas necessidades?
Frequentemente,
agimos para manter o nosso corpo vivo e sadio (e bem visto); para receber a
aprovação dos outros; para planejar o futuro – que muitos nem o vivem –; para
termos companhia; para nos sentir queridos e supostamente amados; para
pertencer a um grupo; enfim, estamos sempre preocupados com o que existe fora
de nós.
Entretanto, a
questão inquietante concentra-se em: tudo isso é necessário? Será que existe um
cidadão-modelo por aí, com todas as necessidades satisfeitas?
Hoje, por
estarmos cada vez mais carentes de atenção, principalmente, pela tensão que nos
provoca a tal busca de realização dessas necessidades, acabamos vulneráveis e
suscetíveis às exigências do mundo, que continua idêntico ao batermos às botas.
E o resultado é
que nos tornamos fracos, estúpidos, teimosos e infelizes.
E os “sabichões”
lucram com isso, tanto emocional, quanto financeiramente, enriquecendo os
cofres das marcas; atendendo em consultórios; mantendo as aparências para não
desinflar o próprio ego; rodeando-se de bajuladores e sanguessugas...
O que fica é a
sensação de que não vivemos para ser quem somos, mas para sermos parecidos uns
com os outros, levarmos praticamente a mesma vida. E assim, findaremos (uns
mais morosos) no mesmo caminho...
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