terça-feira, 28 de fevereiro de 2017
segunda-feira, 27 de fevereiro de 2017
pescoço nu
Por Ana Paula Perissé
minha pele é destinada
à cegueira
não te sente
mais o tato
quente
de teus tecidos
não mais.
meu corpo,
destinado
a não ser
esvazia-se
de teu sentido
deslizante de poros
suados
nunca mais.
minha alma é destino
incerto
sem o teu perder-se
nas falésias escarpadas
de meu sonho infindo.
( meu pescoço nu)
domingo, 26 de fevereiro de 2017
sábado, 25 de fevereiro de 2017
Sua voz dentro de mim
Por Meriam Lazaro
No livro, a jornalista Emma Forrest relata sua luta pela manutenção da
sanidade, o apoio da família e amigos, os relacionamentos amorosos
conflituosos, a experiência psicanalítica com um profissional da psiquiatria,
que recebe o nome de "Dr. R". Aqui e ali há depoimentos soltos, de
outros pacientes do "Dr. R", por quem tinham grande admiração e
respeito.
A autora passou por episódios extremos de
depressão, com tentativas de suicídio; tendo também outras experiências
relatadas. O depoimento corajoso sobre tema tão árduo tem por quebra o humor
dolente de Emma, fazendo com que o leitor ria, mesmo sem querer, de episódios
trágicos.
Há
citação, no início e no fim do livro, de uma tela do pintor John Millais:
"Ofélia". No óleo sobre tela, o pintor ilustra uma cena da peça
"Hamlet", de Shakespeare.
Ótima
leitura para quem se interessa pelo tema, seja por questões particulares, seja
para entender um pouco sobre o que passam as pessoas com problemas psíquico-emocionais
na luta por se manter à tona, sem imergir no sono eterno (a convite da doença).
Livro: Sua voz dentro de mim
Autora: Emma Forrest
Editora: Rocco
Autora: Emma Forrest
Editora: Rocco
sexta-feira, 24 de fevereiro de 2017
Versos de Carnaval II
Por
Mayanna Velame
Todo amor
É como carnaval
É só folia.
Nas avenidas
Vejo purpurinas,
Pierrôs e Colombinas.
E nós desfilamos de quê?
Estamos fantasiados por quê?
Vamos sambar até o amanhecer?
Todo amor
É como carnaval
É só folia.
Vestidos da nossa
Melancolia, saímos
Como passistas solitários.
Dormimos em confetes
E despertamos entre as cinzas...
quarta-feira, 22 de fevereiro de 2017
Não recuar
Por Fabio Ramos
com os pés
no
AGORA
evitas
o retrovisor
(...)
naquela
curva
há um muro de
rocha
(de escolha)
mas
também
de
renúncia
(...)
cabelos
ao
vento
e
poeira
a quem esnobou
tua
carona
(...)
em cada
giro
do
volante
nas manobras
que
executa
um tambor no peito
terça-feira, 21 de fevereiro de 2017
segunda-feira, 20 de fevereiro de 2017
rastros e sinais
Por Ana Paula Perissé
(somos presente
reminiscente
de quantas histórias
pessoais e colectivas?)
Leituras nas dobras do mundo.
de tudo que me é escolhido
por obra de estranho destino
resta-me persistir em palavras
no escuro.
meus pertences,
que me são?
Tudo que tenho é continuar
decifrando... devorando
códigos, rastros
e sinais.
oh deus! já te leio tanto,
o quê, quem,
(e se te existes?)
para quê?
de que me resta, então,
descabida procura?
Não encontro mais letras
tampouco versos
que combinem
apenas,
um insano desejo de continuar.
E renasço a cada dia
morta-viva,
meus interlocutores
ao longo da vida,
não me privam
jamais
de sustento, cimento
e de chão construído
( sedimentos guardados em argamassas de nós)
e continuo a existir
sem o saber
nas páginas que não li...
de quantas vidas e de histórias
me fizeram humana?
domingo, 19 de fevereiro de 2017
Avental
Por Oswaldo Antônio Begiato
se do avental
em vez de trigo
avencas às pencas
caem das palhas
do espantalho
(uma espécie
de Isabel santa)
a poesia nasce
espontânea
e premonitória
porque a quem é dado
operar milagres
não suporta castigos
nem se pode imaginar
o quanto a alma
se mantém elevada e distante
de outras almas
quando o corpo
é deformado
é mutilado
e nem se pode imaginar
o quanto o corpo
se mantém receoso e distante
dos outros corpos
quando a alma
é perfurada
é vilipendiada
não pense, pois,
que ele derrama poesias
pensando em ti
tens o corpo perfeito
como uma avenca
sem palhas
sem castigos
e a alma pequena
como um avental
sem remendos
sem milagres
ele está óleo
tu estás água
sábado, 18 de fevereiro de 2017
Sempre seu, Oscar
Por Meriam Lazaro
Ainda estou desconfortável pela invasão de privacidade. Sem brincadeira, fiquei pensando nos prós e nos contras da publicação de coisas tão íntimas sobre a vida de alguém, ainda que o autor tenha sido figura pública, falecido há mais de 100 anos. Além da análise de caráter de si e de outras pessoas, as correspondências retratam diversos acontecimentos envolvendo os últimos dez anos da vida de Oscar Wilde, parte passados na prisão, na Inglaterra, e num hotel na França. Prisão e injustiça andam de mãos dadas desde sempre. Um momento muito triste foi quando ele falou que não tinha livros para ler, pois já havia relido os poucos que haviam. Apesar de dizer que não era engajado socialmente, as correspondências para os jornais em defesa dos direitos dos presos mostram o contrário. Eu já havia lido do autor os "Contos completos" e o "Retrato de Dorian Gray". Gostei muito da leitura das cartas. Quanto à edição, achei que a letra miúda e as páginas brancas não são muito confortáveis.
Autor: Oscar Wilde
Livro: Sempre seu, Oscar
Editora: Iluminuras
Livro: Sempre seu, Oscar
Editora: Iluminuras
sexta-feira, 17 de fevereiro de 2017
Versos de Carnaval
Por Mayanna Velame
Ah, Pierrô!
Não sofras por amor...
Numa próxima esquina,
Você encontrará sua Colombina!
quinta-feira, 16 de fevereiro de 2017
quarta-feira, 15 de fevereiro de 2017
Continue Longe
Por Fabio Ramos
o joelho não
dobra
?
arrume UM cerrote
(...)
a
soberba
é
mais forte
?
VAI TOMAR NO CU
(...)
prosseguindo
com isso
terás o mesmo resultado
AGAIN AND
AGAIN
terça-feira, 14 de fevereiro de 2017
segunda-feira, 13 de fevereiro de 2017
inconsciência do fogo
Por Ana Paula Perissé
Inspirado no poema "Incônscio", de Oswaldo Antônio Begiato |
há um momento sem nome
que atravessa-lhes
Personas!
e sem pensar
participam de uma força
original
não mais veem sua origem
e amam
poetam
devaneiam
por motivo incorpóreo
(inverso)
uma certa visão
que precede a experiência:
se lê
se ama
e se escreve
num alvoroço sem dono
mas intenso em laços
uma fricção que gera o fogo
o gozo
e a gratidão.
domingo, 12 de fevereiro de 2017
Minha namorada
Por Oswaldo Antônio Begiato
Imagem: Richard S. Johnson |
Repleto de flores
O alpendre guarda a mulher.
– Ó, meu doce amor!
sábado, 11 de fevereiro de 2017
O alfabeto dos pássaros
Por Meriam Lazaro
A proposta do livro me fez pensar que iria aprender sobre a experiência
da adoção de crianças. Trata da história de uma menina chinesa, adotada por
pais espanhóis, que tenta entender suas origens. É uma menina revoltada,
perguntadeira e "chatinha". Não consegui ter empatia por ela em
nenhum momento. Tem uma irmãzinha chinesa, também adotada, que é um amorzinho. A
"chatinha" quer porque quer voltar à barriga de origem e se magoa com
tudo, tem pesadelos, não deixa ninguém dormir (nem em casa e nem na
vizinhança). A história se arrasta por 285 páginas e muitos bocejos. Tem
ilustrações e capa bonitas. Dá o que pensar sobre o tema, mas não é um livro
que eu recomende como distopia. Nesse sentido, melhor (re)ler
"Alice...".
Livro: O alfabeto do pássaros
Autora: Nuria Barrios
Editora: Cosac Naify
Autora: Nuria Barrios
Editora: Cosac Naify
sexta-feira, 10 de fevereiro de 2017
Gigante de pedras
Por Mayanna Velame
Diante de ti,
Somos minúsculos.
Como grãos de terra,
Tufos de capim.
És imponente,
Soberana.
Protege os homens
E seus Inconfidentes.
És cândida,
Mas tu aninhas
Em teus braços,
Todos e Todas.
Gigante de pedras
que abraça as ruas
centenárias.
Abençoa a cidade de Tiradentes
Sempre imergida em fé.
Declamamos esses versos a ti,
Serra de São José!
quinta-feira, 9 de fevereiro de 2017
O que é bonito
Por Daniella Caruso Gandra
Distancia-se de qualquer arquétipo
o belo, o singular, por espelhar a si mesmo,
em simplicidade, a diferenciar-se.
o belo, o singular, por espelhar a si mesmo,
em simplicidade, a diferenciar-se.
Pode ser um olhar arrojado que tudo diz,
um gesto sincero de quem nada quer,
um pedido de efeito sem ter uma causa...
um gesto sincero de quem nada quer,
um pedido de efeito sem ter uma causa...
O bonito é tocante, traz certo requinte,
seja na postura, seja no ruído,
é sempre peça com ares de casa.
seja na postura, seja no ruído,
é sempre peça com ares de casa.
É o bonito.
quarta-feira, 8 de fevereiro de 2017
segunda-feira, 6 de fevereiro de 2017
nua
Por Ana Paula Perissé
deixaram-me nua
com marcas
de pairagens
das pedras toscas
em fuga
(meu canto é declínio)
é meu
o quê me sobra
de rastros e de poeira
das pedras portuguesas
esquartejadas
por demolições de alma
em arestas ínfimas
íntimas
mas não tantas
esconderijos
de medrosos amanheceres
domingo, 5 de fevereiro de 2017
sábado, 4 de fevereiro de 2017
O ano da leitura mágica
Por
Meriam Lazaro
Biográfico.
No livro, Nina relata como fez para enfrentar o luto após três anos da morte de
sua irmã. Com o apoio do marido e dos filhos, dedicou-se a ler um livro por dia
durante um ano e postar resenhas num site. Há citações de frases dos livros,
"resentários" de poucos deles e, no final, a lista com títulos e
autores. Ao efeito da leitura, a autora entremeia passagens de memórias e
projeções suas, de seus familiares, amigos e antigos namorados. Escrita apaixonada de
uma leitora, apresenta diversas questões desse mundo mágico e seus personagens
tão palpáveis como as pessoas do cotidiano.
Destaco a questão da delicadeza
que devemos ter ao comentar sobre um livro (que não gostamos) e que nos foi
ofertado por alguém (que o adorou). A falta de delicadeza pode melindrar quem o
ofertou, como quem ofereceu parte de sua alma e, assim, se vê pessoalmente
ofendido por nossas palavras. Naturalmente, isso me fez pensar o quanto quem
oferta o livro pode ser também generoso deixando em aberto a possibilidade de
quem o receba não gostar ou gostar sem o mesmo entusiasmo.
Palavras
de Nina:
"Somos aquilo que gostamos de ler e quando admitimos que adoramos um livro, admitimos que este livro representa verdadeiramente algum aspecto do nosso ser, seja o fato de sermos loucos por romance, ou por aventura, ou secretamente fascinados por crimes".
"Somos aquilo que gostamos de ler e quando admitimos que adoramos um livro, admitimos que este livro representa verdadeiramente algum aspecto do nosso ser, seja o fato de sermos loucos por romance, ou por aventura, ou secretamente fascinados por crimes".
"Estou
submersa, nadando com os escritores de todos os livros que estou lendo e
sugando o oxigênio das palavras".
"O
perdão é uma forma elevada de aceitação, um reconhecimento de que a vida não é
justa".
Citação
de Nina:
"Precisamos de livros que nos afetem como um desastre, que nos deixem profundamente tristes como se alguém tivesse morrido, alguém que amássemos mais do que a nós mesmos, como se nos perdêssemos de todos numa floresta, como um suicídio. Um livro tem que ser uma rachadura no oceano congelado que temos dentro de nós" (Franz Kafka, Carta para Oskar Pollak, 27 de janeiro de 1904).
"Precisamos de livros que nos afetem como um desastre, que nos deixem profundamente tristes como se alguém tivesse morrido, alguém que amássemos mais do que a nós mesmos, como se nos perdêssemos de todos numa floresta, como um suicídio. Um livro tem que ser uma rachadura no oceano congelado que temos dentro de nós" (Franz Kafka, Carta para Oskar Pollak, 27 de janeiro de 1904).
Livro: O Ano da Leitura Mágica
Autora: Nina Sankovitch
Editora: Casa da Palavra / Leya
Autora: Nina Sankovitch
Editora: Casa da Palavra / Leya