terça-feira, 26 de janeiro de 2021

Sylvia

Por Denise Fernandes




No dia 3 de janeiro de 2021, partiu Sylvia Leser de Mello. Para mim, foi a melhor professora que tive no Instituto de Psicologia da USP. Ela era um poço de conhecimentos: Filosofia, Psicologia, e uma ampla cultura literária. Sempre me estimulando a ler, estudar, pensar, sentir.

Todas as minhas perguntas eram respondidas com dedicação. Ela ampliava meus horizontes. Muitos colegas de faculdade me achavam o cúmulo da "cara de pau". Mesmo chegando atrasada na aula, eu me dava o direito de fazer perguntas à professora. Depois de atravessar a cidade, pegando dois ônibus e demorando duas horas (ou mais) para chegar à universidade, minha mente chegava às aulas como uma panela de água fervente; pronta para o macarrão do conhecimento.

Tinha e tenho tantas dúvidas. O tormento que elas causavam me impedia de ter vergonha de perguntar. Realmente, eu precisava interagir com os professores. E a Sylvia, mais que outras professoras, transformava minhas dúvidas em reflexões, novos conhecimentos e pensamentos.

Sempre senti uma grande admiração por ela: seu jeito feminino (sem ser "perua"), sua sensibilidade acentuada (sem ser "chorona"), seu refinamento intelectual (sem ser "hermética"). Não havia nela a frieza intelectual de tantos acadêmicos.

Mesmo pensando que ela é uma daquelas pessoas que se realizou plenamente na vida, é triste saber da sua morte. Por que há, na despedida, uma saudade eterna? Eis outra pergunta que fica sem resposta.

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