sábado, 30 de janeiro de 2021

Face a face

Por Meriam Lazaro




Encontro-me frente a frente
com minha face ferida,
nesse espelho, quem sabe,
em outra me vejo banida.


Neste desejo terçã,
febril de ti esquecida,
flutuo serpente e maçã
sem paraíso remida.


Antes que o dia acorde,
em uma estrela perdida
aceno pra mim distante,
como se fosse outra vida.


Recorte de um amanhã
onde não vejo guarida,
reservo-me guardiã
de outras cores despida.


Pedaço de lua nascente
pelo céu caio atrevida,
fogo e êxtase cadente,
desfolhando margaridas.


Escondo a face com as mãos
em gesto tão sem saída,
na cinza das horas vãs
sou eco de despedida.

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